quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Ainda de acordo com testemunhas da morte, policiais teriam apagado a luz de poste para movimentação não ser percebida

Apagar a luz de um poste e retirar o corpo de Amarildo de Souza, de 47 anos, pelo telhado de um pequeno galpão que servia como oficina mecânica atrás da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha. Segundo depoimentos de PMs testemunhas do caso, essas foram algumas das providências tomadas por colegas de fardas acusados da tortura e morte do ajudante de pedreiro, na noite de 14 de julho, para não chamar a atenção de moradores.

Ainda segundo os relatos, o corpo da vítima foi enrolado com a capa preta de uma moto e levado para mata do Parque Ecológico da Favela da Rocinha. Dez PMs, entre eles o major Edson Santos, ex-comandante da UPP, estão presos, e pelo menos outros 16 militares são investigados.
Perito busca vestígios no portão preto que dá acesso ao local do crime

Para ‘desfazer’ o local do crime, policiais encheram o espaço de cadeiras e mesas, e ainda colocaram uma porta, fechada com cadeado para evitar o acesso. O lugar passou a ser chamado de depósito. Acusados também teriam jogado óleo para encobrir marcas de sangue em mesa branca, num balde e no chão.


A estratégia, por um tempo, deu certo. Agentes da Divisão de Homicídios (DH) que foram à Rocinha várias vezes, inclusive os responsáveis por duas reproduções simuladas, não suspeitaram do depósito e só fizeram perícia segunda-feira, após outros PMs colaborarem com a apuração.

MP quer major me Bangu 8


Ao Ministério Público (MP) e à 8ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM), policiais da UPP revelaram que, após a morte de Amarildo — submetido a choques, asfixia com saco na cabeça e socos —, o major Edson fez reunião com o grupo e orientou que todos prestassem informações à Polícia Civil sempre acompanhados de advogados.

O MP pediu à juíza Daniella Alvares Prado a transferência do oficial da Unidade Prisional da PM, antigo BEP, para o presídio Bangu 8. O objetivo é impedir que ele continue influenciando os outros nove presos, abrindo a chance para a delação premiada — informações em troca de redução de pena.

Área usada por muitas crianças

Amarildo foi levado para o galpão atrás do contêiner do comando da UPP porque a sede da unidade, na localidade Portão Vermelho, é de grande circulação de moradores, principalmente de crianças, que brincam no Parque Ecológico e nas quadras da área.

De acordo com investigações, Amarildo foi torturado porque os policiais desconfiavam que ele sabia onde ficava o esconderijo de armas e drogas de traficantes. Após a prisão de 10 suspeitos, surgiu a informação de que 11 PMs teriam sido obrigados a ficar ‘trancados’ no contêiner enquanto acontecia a tortura. Eles podem responder por tortura seguida de morte e omissão.
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